domingo, 3 de abril de 2011

Jesus e Eu... Por Toda a Vida


Conheci vários Jesus ao longo da vida (que ainda nem é tão longa assim). Quando bebê, dormi no famoso “berço evangélico”, onde conheci meu primeiro Jesus: um amigo muito bonito, do qual eu era uma florzinha. Alguns anos depois, descobri que esse amigo ficava “muito triste” quando eu fazia “coisa feias”, como desobedecer, mentir ou bater nos coleguinhas da escola.

Aos 13 anos, conheci um Jesus que levou meu pai e melhor amigo para sempre. Por fim me veio um Jesus que em nada se assemelhava aos primeiros. Severo e repressor, só sabia dizer “não pode”.

“Não faça isso.”
“Não pense nisso.”
“Você vai pro inferno.”

Mesmo assim confesso que foi uma adolescência silenciosa e triste, sem nenhuma diversão. Típico, né? Talvez você esteja se identificando... Quando já achava que não poderia piorar, conheci um Jesus completamente diferente. Esse agora falava demais! Eram horas de “conversa” por dia, manifestações sobrenaturais esquisitíssimas nos finais de semana e até ficha de relacionamento com ele para prestar contas à liderança da igreja. Até que durou um tempinho: o quanto se pode agüentar de manipulação e religiosidade vazia. E eu achava que esse Jesus sim, falava comigo. Estava enganada.

As coisas começaram a mudar pra mim quando minha mãe foi diagnosticada com uma doença degenerativa. A essa altura, minhas atividades eclesiásticas ocupavam cerca de 50% da minha agenda, competindo ainda com trabalho e faculdade. Eu liderava ministérios e “discipulava” pessoas. Em um único dia, abandonei tudo. Passei alguns dias preocupada com o que diria o Jesus da vez, tipo que não perdoaria alguém que “abandona o arado”. Mas... (que estranho!) ele se calou quando saí da igreja.

Qual não foi minha surpresa ao me deparar com um novo Jesus. Esse sim me surpreendeu. E é difícil falar dele. Parece que faltam palavras que o definam. Ele é inflexível nas suas leis, como o Jesus da minha adolescência, mas não é agressivo. Tem uma autoridade diferente no olhar, que ao mesmo tempo intimida e consola. Não me dá medo, mas segurança.

Ele entende o que sinto. Perdoa quando faço “coisas feias”. Isso me comove e muitas vezes, como agora, me faz chorar. Nunca sei se é de tristeza ou de alegria, sei apenas que, quando o choro acaba, a dor passou e já me sinto melhor. Sei que com ele está tudo bem.

Ele não fala comigo todos os dias, mesmo assim não consigo esquecê-lo momento algum. Parece que agora tudo em mim aponta pra ele. Se eu tivesse um pouco do talento literário de C. S. Lewis, esse texto teria ficado bem melhor. Meu Jesus é tão parecido com o Aslam de Lewis...

Esse texto foi originalmente publicado